quinta-feira, novembro 28, 2013

Agora sou orgânico. Depois que voltei para Califórnia me tornei orgânico convicto.  Como entender o que é um orgânico convicto?  Bem, e são uma categoria de consumidor alimentar tão respeitada quanto o macrobiótico e o vegetariano, só que menos chato.  O movimento orgânico tá na moda na Europa e nos Estados Unidos, já o “macrô” e “vegan” são coisas do século passado, identificados a cultura dos anos 80 e 90, e não causam mais o impacto daqueles tempos, embora ainda resistam em suas trincheiras. Cada um na sua, cada um identificado com seu tempo. Na realidade sempre tive um pé no movimento orgânico, sempre tive simpatia por orgânicos. Lembro que a primeira feira de produtos hortifrutigranjeiros que conheci foi em Bagé. A feira ficava estendida ao longo da Praça de Esportes, em frente ao Colégio Auxiliadora. Era simples e muito autêntica. Lá haviam poucas bancas cobertas por lonas amarela e os feirantes sorridentes ofereciam seus produtos aquelas senhoras que puxavam seus carrinhos abarrotados, e atrás delas vinham as domésticas. Mais tarde conheci a Feira Ecológica da Redenção, em Porto Alegre. Era mais sofisticada e frequentada por gente descolada. A Feira da Redenção existe ainda hoje, a outra, de Bagé não tive mais notícias. Aqui em Santa Cruz tenho frequentado o Farmers Market – feira de orgânicos, que acontece todos os sábados pela manhã, no estacionamento do Cabrillo College. Ali são reunidas mais de 90 bancas montadas em elegantes estruturas metálicas cobertas por plástico branco onde se encontra de tudo: verduras, frutas, legumes, leite, queijos, sucos, chás, café do Marrocos, da Colômbia, carne de gado, de galinha e peixe do Alaska, vinhos, tâmaras do oriente, e condimentos. E tem apresentações de música, jazz, blues, folk, e as vezes um senhor tocando música brasileira em sua harpa. Existem muitas feiras iguais a esta em todas as cidades da Califórnia, e todas são regidas por severas normas de fiscalização, garantindo que somente produtos sem agrotóxicos e sem antibióticos sejam ofertados. E os produtores associados cumprem o acordo. Tudo muito orgânico. Em toda baia de Monterrey, de Carmel a Santa Cruz existe uma grande quantidade de supermercados orgânicos.  E produtos orgânicos são encontrados em grande  escala em supermercados de grandes redes: Safeway, Whole Foods, Target. Mais uma  prova de que nós,  orgânicos, estamos em expansão, na crista da onda- "rip curl" e no topo das prateleiras. O resultado desta minha guinada alimentar ocorreu sob influência da “cultura orgânica”. Exemplo disto foi a troca do sanduíche de presunto e queijo que era consumido a noite,  por um saudável prato de verduras.  O sorvete que vinha sempre acompanhado de frutas foi substituído pelo iogurte. De todas as mudança alimentares sem dúvida a mais radical foi a troca da Coca-Cola normal com adição de açúcar pela Coca-Zero, sem açúcar. Por favor, não faça confusão com Coca Light, aquilo é um veneno.  No passado, sob infuência do João Mattos, premiado fotógrafo gaúcho, meu assistente,  já havia tentado trocar a Cola-Cola por outra bebida, sem sucesso.  Geralmente após uma sessão de fotos, o João e eu nos dirigíamos para um  “boteco”  qualquer para beber  uma coca bem gelada, comemorar o fim da jornada de trabalho. Um belo dia destes, o João veio com essa conversa de abolir totalmente a “Coca-Cola”, virar abstêmio. A princípio aquilo me pareceu  bogabem, no bom sentido.  O João é casado com a Carlinha,  e atualmente sei que ele só bebe H2OH! Limão, o que no meu conceito isto é "meia viadagem".  Naquela época eu passei a beber Guaraná. Durante aquele período de abstinencia as fotos pioraram tanto que decidi logo voltar pra “Coca”,  para não comprometer o trabalho e terminar o livro que estava sendo feito. Aqui na Califórnia não tem Guaraná, nem essa H2OH, e claro,  eu não cometeria os mesmos erros do passado. Ainda mais agora que sou orgânico convicto e bebo Coca-Zero, sem açúcar.

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