domingo, dezembro 8, 2013

Na minha cidade, Porto Alegre, ainda se confunde livro de fotografia fine art com guia turístico. Embora estes dois tipos de publicações contenham fotografias, elas estão em  campos  muito distantes. Ainda que ambas possam estar abrigadas sob o signo da fotografia documental, são como água para o vinho.  Em Porto Alegre se confunde também livro de fotografia fine art com folder, o que é grave. E não me refiro a folder publicitário, que é outra coisa. Me refiro a livros que se passam por livro de arte quando na realidade não passam de um tipo de folder comercial. Necessário seria distinguir uma coisa da outra, para se compreender melhor cada forma de publicação, cada forma de fazer fotografia. Ou seja, entender o que é fotografia fine art, fotografias produzidas para um guia turístico, e fotografias  publicadas em folder comercial. Por exemplo, um livro que mostra explicitamente imagens do seu patrocinador é um folder. Mesmo que este folder tenha sido publicado com capa dura, numa edição de luxo, etc. Ainda assim é um folder pois busca o apelo comercial em detrimento do poético. Outro caso é o da publicação que traz fotos de lugares, serviços, hotéis, bares, restaurantes, praças e serve aos propósitos da divulgação da cidade. As publicações que citei, o folder e o guia turístico mesmo que contenham  fotos bonitas, não servem como referência de fotografia fine art.  Para isto, trago o exemplo do fotógrafo Sebastião Salgado, que trata os  temas em seus livros com uma visão própria, com sua linguagem de autor. Salgado não está interessado em divulgar os lugares por ando passa e registra em suas fotos, e também não mostra produtos e marcas de patrocinadores. Poderia citar outros fotógrafos de fine art, Araquém Alcântara, Zé Paiva, Cristiano Mascaro. Já vi folder ser tratado como livro de arte, em Porto Alegre. Já vi livros que registravam sem pudor imagens dos patrocinadores, ser tratado pela m;iria como livro de arte. Mas também é interessante notar que esta confusão tem origem nos autores das publicações. No momento de divulgar o livro, alguns autores   se utilizam desta confusão,  como estratégia de marketing visando agregar valor ao "produto", e assim ganhar o reconhecimento  junto ao público e formadores de opinião. A mídia especializada em cultura que deveria tratar de separar as coisas, de discernir,  e informar melhor o público, aprofunda mais a confusão, trata tudo como coisas iguais. Não são iguais, são propósitos diferentes com linguagens diferentes também.  A confusão ajuda alguns a ampliarem  adesão de patrocinadores. Ora, cada categoria tem seus méritos e não concorrem entre si, embora isto ainda não foi entendido em nossa Porto Alegre. Seria bom que cada um assumisse seu papel no mercado editorial de livros de fotografia. Sem desmerecer qualquer  publicação,  sem desmerecer meus colegas fotógrafos, tenho a convicção  que é  hora de se discutir esta confusão. Já amadurecemos o bastante para seguir tratando livros de fotografia de categorias tão diferentes de forma tão iguais. O debate é bom para todos, para o bem da fotografia documental, fine art, foto fotojornalismo, fotografias de guias turísticos. Até mesmo para quem faz folder de grande formato como se fosse livro de fine art. Mesmo que este folder seja para divulgar Gramado,  ou para divulgar o turismo de nossa cidade.  Ora, fine art se apoia na noção de uma  fotografia de autor, que faz uso de fundamentos como, textura, profundidade de foco, valorização das sombras e luz, enquadramento e perspectivas, sem cair nas armadilhas dos propósitos utilitários ou decorativos. Em fim, é bom para a fotografia separar as coisas,é bom para os fotógrafos não verem seus trabalhos misturados no mesmo saco.

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