domingo, novembro 10, 2013

 

Aqui nos Estados Unidos, cada estado da federação produz legislação própria sobre vários temas. A liberação da marijuana é um deles. Estados como Washington e Colorado, por exemplo, aprovaram recentemente legislação que libera o uso da erva para todas as finalidades, dentro de suas fronteiras.  Na Califórnia,  a lei sobre este assunto envolve um amplo espectro de proposições (decretos) que basicamente discriminam o uso da marijuana para diferentes finalidades: industrial, medicinal, pesquisa, cultivo,  e ainda prevê penalidades ao usuário comum de acordo com a quatidade de marijuana confiscada com o sujeito se o mesmo for detido por agente policial.  Esta semana encontrei a doutora Deborah Malka, PhD em medicina alternativa e especialista neste tema. Fui  a sua clínica e conversei com ela para entender como funciona o tratamento medicinal a base de marijuana. Foi esclarecedor nosso encontro. Ela defende uso da marijuana como medicamento auxiliar em diversas terapias, como artrite, glaucoma, hepatite, osteoporose, etc. Segundo ela, a marijuana é indicada também para o alívio de dor em pacientes com cancer. Quando perguntei a ela se a marijuana não poderia ser a porta de entrada para drogas pesadas, como cocaína e crack, ela afirmou que é exatamente o contrario, que a experiência com seus pacientes mostra que a marijuana ajuda as pessoas a pararem com o uso de drogas pesadas. Disse a ela que no Brasil, a “maconha” é associada ao tráfico, a violência, ao  mundo do crime. Segundo doutora Malka, a marijuana é uma erva barata e por isso sem interesse para traficantes, nos Estados Unidos. Doutora Malka foi enfática em afirmar que substâncias como o álcool e tabaco são usados livremente,  provocando  malefícios maior a saúde, mortes no trânsito, agressividade, problemas familiares,etc.   Drogas químicas, como calmantes e assemlhados são vendidos livremente em farmácias ficando ao alcance de todos para uso indiscriminado.  Doutora Malka entende a marijuana como uma erva medicinal que deve ser administrada com cautela e com acompanhamento médico, ao mesmo tempo que deve haver educação do paciente para saber usar a erva em seu benefício. Disse ainda que quando trata adolescentes, recomenda sempre  a família  a monitorar o jovem durante o uso da erva,  como, alias, deveria monitorar no consumo de álcool  e medicamentos farmacêuticos, em geral. Existe, segundo ela,  um entendimento equivocado com relação aos males provocados pelo uso da marijuana, e uma forte associação da erva a um estilo de vide baseado na contestação, o qual foi consagrado nos anos 60 e 70. Segundo ela, tudo isto deve ser comprendido de outra forma para que a marijuana passe  a ter uso discriminalizado, ou seja, uso diferenciado para finalidades diversas. Na Califórnia, o uso é para consumo é parcialmente liberado, isto é, somente mediante prescrição médica o consumidor pode fazer uso legal da substancia. A doutora Malka revelou que quando seus pacientes vão a primeira consulta, devem levar exames clínicos, além da indicação do uso da erva por parte de outros médicos, de acordo com a especialidade. Desta forma ela fornece o documento legal que  dá direito ao usuário portar certa quantidade de marijuana. O documento ou prescrição médica tem prazo de validade durante 1 ano, e somente pode ser renovado pela própria médica. O documento de portabilidade da marijuana contém, além da identidicação do usuário ( ou paciente), as indicações médicas da erva, telefones para contato com a cliníca da doutora Malka e outras informações do paciente.  O assunto é complexo, as opiniões são diversas. O assunto avança no Brasil, onde ainda existe muita desinformação, preconceito e glamour envolvendo a liberação da marijuana. É  preciso que a sociedade faça um debate sério,  para que todos  possam superar velhos tabu,  e encontrar o caminho adequado. O fato é que nos Estados Unidos, 100 milhões de pessoas experimentaram marijuana nos últimos dez anos, e destes, 14 milhões são usuários atualmente, segundo dados do governo federal. Doutora Malka me disse que a marijuana pode ser consumida de diversas formas: em alimentos, em chás, sucos, saladas, e até mesmo na forma mais conhecida, o “cigarro de marijuana”. Mas esclareceu que a dose deve ser administrada de acordo com a indicação médica. Em vários países da Europa, Estados Unidos a marijuana foi liberada ou seu uso discriminalizado. Já existe pressão de setores da industria têxtil, de óleos e cosméticos na flexibilização das leis ou de nova legislação. A industria farmacêutica não deseja a liberalização pois vê na erva um  produto natural potencialmente concorrente a seus produtos químicos.  O vizinho Uruguai avança na liberação total através de nova legislação. No Brasil, o ex-presidente FHC defende a discriminalização da erva,  até mesmo como forma de diminuir o impacto sobre o tráfico, afastando os usuários de marijuana de criminosos. Qual sua opinião: liberar, discriminar ou proibir?

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