quinta-feira, outubro 17, 2013

Dandah e Papiba, Capitola/CA    (c)Eurico Salis 2013

O Sambadá é um negócio doido.  Foi o primeiro show que vi, quando cheguei na Califórnia, em 2002. Voltei a assitir outro show deles, agora em 2013, na praia de Capitola. Eles atraem grande público quando se apresentem, eles mexem com a alma, e com o quadril dos americanos desajeitados durante todo o tempo que estão no palco. As vezes, fora do palco, nas aulas de capoeira. Papiba Godinho, professor de capoeira, compositor, guitarrista e criador do grupo, nasceu em Brasília, é filho de gaúchos, na infância passou parte de suas férias entre Torres e Jaguarão. Em 1991, ele cursava ecônomia em Brasília, quando resolveu ir para Nova York estudar inglês e conhecer a bolsa de valores. Chegou lá e achou tudo muito chato. Largou Nova York e os estudos em economia e se mandou de malas e berinbau pra Califórnia ajudar um amigo brasileiro nas aulas de capoeira. Em Santa Cruz, seu primeiro show  foi no restaurante Café Brasil. Era então “Papiba and Friends”, e agradou muita gente. Foi quando ele resolveu criar o Sambadá. Desde então, sua banda não parou mais de tocar na Califórnia, algumas vezes em outros estados como Nova York,  Texas, Nova Orleans, Pensilvania. Até que em 2003 ele conheceu Dandah da Hora, baiana nascida em Salvador, percussionista integrante do Ile Aiye desde os seis anos de idade, com profundo conhecimento da cultura afro. Com o Ile Aiye, Dandah se apressentou em San Francisco, durante o carnaval de 2003.  Em 2004, ela entrou para o Sambadá e agregou a banda sua perfomance de bailarina, sua voz cristalina, e sua grande espiritualidade. Ela cativa o público desde o primeiro instante em que pisa no palco, tem facilidade para cantar e para encantar os americanos, e também sabe muito bem se comunicar com o público. A presença de Dandah deu maior envergadura ao Sambadá, que é uma mistura refinada de afro, samba, jazz e rock. Tocam na banda, além de Papiba Godinho (guitarra, voz e violão) e  Dandah da Hora (voz e percussão), os músicos californianos Anne Stanfford (sax, flauta, clarinete, percussão), Gary Kehoe ( bateria e percussão), Etienne Franc (baix;  Ibou Ngom e Abel Damasceno (na percussão). Não seria exagero dizer que o grupo já conquistou a Califórnia,  alcançou maturidade musical, sabem mesclar solos de guitarra que remetem ao rock com solos de sax que remetem ao jazz. Atualmente,  eles estão se preparando para gravar novo disco. Segundo me disse Papiba esta semana, todos os músicos querem trabalhar muito na produção para colocar no novo álbum toda energia que conseguem ao vivo. Perguntei como ele define o Sambadá,  ele foi categórico em afirmar que o  “Sambadá é uma banda internacional com base brasileira”. Fiquei com esta impressão depois de ter visto novamente o show do Sambadá: mistura de ritmos com o toque inconfundível da música brasileira. E o futuro do Sambadá, perguntei, ele revelou que  pela primeira vez em 15 anos vão gravar duas músicas cantadas em inglês. Eles querem navegar em outros mares, mantendo a identidade musical.  Então lembrei a letra da música Yemanjá, gravada no álbum Salve a Bahia (2007),  que diz “…Choveu na Bahia de Monterrey…e o mar bateu mais forte. A força da onda vem de Deus…”.  O Sambadá quer ver a força de sua onda bater mais forte, agora em outras baias.

 

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