terça-feira, abril 8, 2014

Perdi a carteira no caminho de Yosemite. Aconteceu no final de março. Parei para abastecer num posto de combustível na pequena cidade de Los Banos, logo depois de Hollister. A pressa me fez esquecer a carteira contendo todos meus documentos, deixei em cima do carro e parti. Cheguei ao Yosemite National Park depois de 40 anos, sem identidade, carteira ou cartão de crédito. Conheci o Yosemite no início dos anos 80, através das fotografias de Ansel Adams. Desde então, estes dois ícones californianos, Ansel Adams e Yosemite, passaram a fazer parte da minha vida. Não sou especialista na fotografia de Ansel Adams, muito menos sobre o Yosemite,  porém conheço o suficiente de ambos para dizer que são duas grandes referências no mundo da fotografia de natureza.  O Yosemite National Park, localizado na Sierra Nevada da Califórnia com mais de 1200 milhas quadradas, área superior a muitos estados americanos, foi criado há 150 anos, durante o governo de Abraham Lincoln. O parque foi idealizado pelo famoso ambientalista Jonh Muir. Ele fundou, no início do século XX, o Sierra Club, uma espécie de associação de proteção ao meio ambiente de Yosemite. Anos depois, Ansel Adams ingressou no Sierra Club, chegou a assumir um posto na direção da associação. O velho Adams fotografou como ninguém o Yosemite e  montou  ali seu laboratório fotográfico, onde atualmente funciona  Ansel Adams Art Gallery. Dias atrás, quando estive lá, tive o prazer de entregar a Kate DeWaard, gerente da galeria, um exemplar do meu livro Rio Grande do Sul O Solo e o Homem, o qual passará a integrar os arquivos da Ansel Adams Art Gallery. O parque Yosemite é um dos locais mais visitados na Califórnia, recebe anualmente mais de 3 milhões e meio de turistas,  os quais se submetem a desfrutar dos passeios sob rígidas regras de preservação. Existem vários locais para fazer camping, estradas asfaltadas, linhas de ônibus, um posto dos correios, um pequeno shopping de compras, restaurantes e hotéis. Um deles chama-se hotel Ahwahnee (pronuncia-se auãni a tribo indígena nativa daquela região), fica localizado no Yosemite Village, e tem arquitetura imponente, lugar de visitação obrigatória.  Praticamente, a  área de visitação e passeios, se estende por 30 milhas,  desde o portão de entrada,  no lado oeste, ou El Portal,  até o Yosemite Village, aos pés das montanhas El Captain e Half Dome. Nesta área você poderá ver sequóias gigantes e árvores centenárias, lagos, o rio Merced com suas águas transparentes de onde se vêem peixes, pontes de pedra, aves de rapina, ursos, esquilos, veados, cachoeiras, córregos e pedras em quantidade. O cenário é cercado por montanhas gigantes, e quedas d'água, ali estão as cachoeiras Bridge Veill, Yosemite Falls. Lugar quase indescritível, onde reina o espírito de tranquilidade proporcionado pelo encontro com a natureza exuberante. Para quem, como eu, esperou décadas até chegar ao Yosemite, a perda da identidade foi quase desprezível perto da sensação de ter produzido ali imagens tão sonhadas durante gerações. Fui abençoado por algum ancestral da tribo Ahwahnee, um velho cacique  imagino, que me proporcionou durante uma semana o que a natureza generosa pode oferecer de melhor: a  luz transparente e o céu azul, a chuva forte e as nuvens densas, a neve forte e brilhante. Não encontrei minha carteira, mas recuperei a identidade no caminho de Yosemite.

(c)Eurico Salis 2014. Tunel View, Yosemite Park, CA.

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domingo, setembro 22, 2013

                        Big Sur,CA    (c) Eurico Salis 2013

 

O nome Big Sur foi retirado da língua espanhola e significa “el sur grande”. Serviu para que os ancestrais que habitaram esta região identificassem parte da costa central da Califórnia, uma área sem limitações definidas. Pode-se dizer que o miolo, a parte mais interessante do Big Sur começa ao sul de Carmel extendendo-se por 65 kilometros até alcançar a cidade de San Luis Obispo, ao sul.  Para um turista menos avisado, Big Sur encontra-se entre San Francisco e Los Angeles.  Cheguei ao Big Sur a primeira vez em 2003 dirigindo pela Highway 1 contornando curvas apertadas, penhascos gigantescos, e principicios, deixando para trás a vegetação colorida que reunia todas as tonalidades, de um lado árvores gigantes, sequoias milenares, altas, muito altas. De outro lado, rochedos em forma de catedrais emergindo das águas revoltas do oceano Pacífico, e muito vento. Logo cheguei a Bixby Bridge, ponte sustentada por imenso arco em concreto, parada obrigatória para fotografar a paisagem. Mais uma fotografia. Acredito que Deus criou lugares como o Big Sur para nos dar a chance de desinflar nosso ego, a chance de meditar sobre a nossa existência sobre a terra, e  principalmente, a chance fotografar a paisagem da Califórnia. Claro, nem todos como George W. Bush conseguem meditar e fotografar ao mesmo tempo.  Muitos meditaram, escreveram, pintaram, e fotografaram no Big Sur, este lugar serviu de cenário para artistas, pintores, fotógrafos, e escritores. Como Jack Kerouak, que escreveu “Big Sur” (1962),  logo depois de ter lançado o consagrado romance “On the Road”, clássico da geração beatnik. Muitos artistas moraram no Big Sur, especialmente nos anos 60, época em que estas montanhas testemunharam alto consumo de drogas e alucinógenos. Tanto é que o nome de um famoso restaurante do lugar, o Nephante, é o mesmo nome de um potente alucinógeno usado por Salvador Dali e Dylan Thomas. Outro famoso escritor e que passou parte de sua vida no Big Sur foi o romancista Henry Miller, autor de obras como Nexus, e Plexus. Funciona no Big Sur o museu The Henry Miller Memorial Library, dedicado a contar a vida do escritor entre o perído de 1944 a 62, época em que Miller morou numa modesta cabana entre as montanhas, e frequentou o restaurante Nephante. Do alto do terraço deste restaurante pode-se ver o mar, os rochedos, e apreciar a passagem das baleias azuis, leões marinhos e lontras, entre junho e outubro.  Voltei ao Big Sur  este mes, quando retornava de Santa Barbara. Por ironia do destino e insulto a natureza somente a camera do meu celular tinha bateria suficiente para fotografar. Voltarei lá em breve. Quero visitar o restaurante Nephante, quero conhecer  o Big Sur Bakery & Restaurant, famosa cantina italiana e visitar os parques.  Para quem deseja estender a visita ao Big Sur, há pequenos hotéis e cabanas que oferecem comodidade, conforto com vista para o mar ou para a floresta.  Pra quem deseja um pouco mais, há uma programação cultural de peso mantida pelo The Henry Miller Memorial Library,  onde  já se apresentaram Neil Young, Philip Glass, Laurie Anderson, Red Hot Chilli Pepper, além de grupos de folk, blues, jazz,  e de teatro.   Há muito o que se fazer, há muito o que se ver nesta região, há estradas sinuosas entre florestas de sequoias gigantes, altos penhascos, vegetação de todas as cores, baleias, golfinhos e leões marinhos. No Big Sur pode-se chegar perto do céu.

 

 

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quarta-feira, maio 23, 2012

Ops! Este é o primeiro post do novo blog. Então, vou começar pelas novidades. E as novidades são...o próprio site, agora renovado. E o blog.

O site foi desenhado pela equipe da Capella Design, que criou um sistema de fácil navegação, com poucos conteúdos, e (muito) pouca frescura. O novo site veio para substituir o antigo, que estava congelado há uns cinco anos, pelo menos.

O que mudou?

Mudou o design, a estrutura, o endereço, e o propósito.

O objetivo principal deste site é mostrar o meu trabalho fotográfico. Parte dele está localizado no link Galerias. Também vou disponibilizar imagens do meu arquivo para comercialização, escambo, troca, ou a melhor oferta. Confere o link Fine Art e veja o procedimento para adquirir sua cópia fotográfica, e como ela será impressa.

Um fotógrafo tem que buscar meios mostrar suas fotografias, tirar da gaveta velhos prints e expor. Afinal, as fotografias foram feitas para serem publicadas, expostas. O destino de uma imagem é ser publicada. Além das fotografias, tem os livros. Vou falar sobre eles e sobre outras atividades que desenvolvo.

Cá entre nós, vou fazer um pouco de marketing profissional, sem exageros. Vou tentar! Ah, e o blog? Vou manter atualizado, e nele vou comentar sobre Fotografia, as minhas e as dos outros. E vou falar sobre meus projetos. Ah, vou dar palpites sobre assuntos que não entendo nada, e sobre assuntos que tento entender alguma coisa.

Mas vou logo avisando: este é um site de fotógrafo. E por isto, vou escrever como fotógrafo. Sabe porque? Porque vejo o mundo através da minha lente, e escrevo usando meus filtros. Sempre do meu ângulo. A fotografia me ensinou que não é necessário sair em busca de cenas extraordinárias para fotografar, mas encontrar um modo próprio de ver. O mais fascinante na vida de um fotógrafo é ver com seus próprios olhos. Bem vindos ao novo site, leiam o blog e deixem sua opinião.

Abraço.

Eurico Salis

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